A vida, segundo Kierkegaard

'A vida só pode ser compreendida se olharmos para trás, mas deve ser vivida para frente...'
Diários, Soren Kierkegaard.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O divã da morte


Em certos dias remotos
Quando a claridade é apenas uma estrela
Os ouvidos escutam divãs desconhecidos
Na azáfama dos corações dessecados

A alma sobrepõe-se à selva de grades
Entre tantos corpos, perdidos entre paredes
Desolados pela faina diuturna
De um espaço na vida sem fim

Sensatas divagações, murmuradas
Por um alguém desconhecido
E em suas faces dragontinas
Apenas clemência lhe é composta

Tantos estranhos a lhe perturbar
Cerrar os ouvidos já não adianta
Não há como ignorar o eco perdurado
Da voz que chama teu nome

Entrega-te ao pequeno relento
Se ele te chama, corre, segura-o
Verás que lúgubre era teu ser antes dele
Sentirás a corda por teu pescoço

Depois disto, apenas o vazio da morte
Nada do que você construiu irá com você
Nenhum olhar de compaixão
Para aquele que lhes abandonou

A solidão de tua alma te crucificou
De que vale morrer pelos outros?
Se nenhum deles te estende a mão
Se nada sentiram quando tu os abandonaste

Mas se fores sincero,
De que valeste morrer por si?
O que terias tu, melhor que eles
Que dignificasse o próprio abandono

Olha para trás agora que tudo se foi
Pois à sua frente há apenas vazio
Arrepende-te,
Pois apenas os fracos não têm esta glória

About Me

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Estudante de Direito, Escritora nos momentos de melancolia, melhor amiga nos momentos de felicidade e flamenguista sofredora.