Eu vejo você, e você me vê. É tão simples como nesse pequeno gesto podemos dizer uma infinidade de coisas, aleatórias ou diretas. Às vezes, pessoas com longa data de convivência nem precisam dizer umas às outras aquilo que pensam ou sentem, pois são facilmente interpretadas através do olhar. Um olhar de repreensão, surpresa, doçura, ou até malícia. Sabemos o significado de todos eles quando nos deparamos com um. Ninguém nos ensinou. Foi a própria existência nos fez mestres em decifrá-los. O primeiro olhar que conhecemos é o de ternura, mas o primeiro que conseguimos decifrar é o de raiva. Quando ainda somos bem pequenos, já podemos perceber pelo olhar se uma pessoa está feliz ou triste. Mais tarde, com o olhar, decidimos quais as pessoas que gostamos e quais as que repugnamos. Então, ao ver os olhos que cruzam o seu como se pudesse decifrá-los, escolhemos a pessoa com quem queremos nos relacionar. Temos no olhar uma arma de comunicação talvez mais rápida que a própria voz. Quando alguém quer dizer algo, sabemos o que ela vai dizer se olharmos bem fundo em seus olhos.
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