A vida, segundo Kierkegaard

'A vida só pode ser compreendida se olharmos para trás, mas deve ser vivida para frente...'
Diários, Soren Kierkegaard.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O trem - parte I

Aonde vamos nessa correria? Tudo está passando tão rápido, bem diante dos meus olhos pela janela deste trem inóspito. Toda a nossa história em um percurso de dois segundos. E talvez você não consiga enxergar o que há do outro lado. Nós passamos por tantos lugares, mas em qual deles estivemos?

As bombas estão explodindo no oriente enquanto a fome está matando no ocidente. Onde estivemos por todo este tempo? Parados no tempo, em alguma estação, aonde o trem nunca chegou. Vamos esperar os próximos passageiros,
mas hoje o trem está vazio. Apenas observe a solidão dos assentos que outrora tinham tanto a dizer. Pois o trem, este vai continuar a estrada, parando em todas as estações, para ninguém subir.

Estamos perdidos.

E percebemos que o mundo não é tão grande quanto imaginávamos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vai chover!


Vai chover!
Aos poucos, tudo irá se inundar
As águas vão cobrir seus sentimentos
O vento vai soprar mais forte
As ondas começarão a lutar

Quando os ventos frios estão raivosos
Você é a esperança que move meu ser
Enquanto o mar borbulha corpulento
Vejo a liberdade em seus braços ansiosos

Vai chover!
Os pingos violentos no vidro da janela
Avisam-me que não há saída
E já não posso voltar pra estrada
Pois você me trouxe para longe dela

Onde nem você conhece o caminho de volta
Ninguém conhece a velha estrada
Mas todos passam rasteiros por ela
Admirando sua natureza morta

Vai chover!
A tempestade fala comigo agora
Diz-me para não ter medo
E procurar a verdade entre os destroços
Que aos poucos vai passar a hora

Gotas de clemência a sofreguidão
Ao acordar sozinha na cama de um pesadelo
Os dias e noites mais longos
Meu solstício de inverno e verão

Vai chover!
No inicio de fim de tarde
No paradoxo das cobertas
Na púrpura do pôr-do-sol
Nas cores da verdade

A ventania encerra o dia
Não posso acender a fogueira
E sua imagem me aquece
Liberta-me de uma noite fria

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Reflexo


Verdades que são ditas ao contrário
Palavras esquecidas no tempo

Mentiras descobertas

Amores acabados


Passo horas, e horas passam

Eu na frente do espelho

Olho meu reflexo, e o reflexo me olha

Qual dos dois se sente melhor?


Está tudo confuso, eu digo

A culpa é sua, ele diz
Eu o encaro, e ele me encara de volta

Que espécie de mentira é esta que te consome?


Baixo a cabeça para chorar

E sinto seu olhar inquisidor em cima de mim

Apenas ele sabe a verdade

E faz questão de expor isto

Sempre que estamos frente à frente


Tentei não me iludir, eu digo

Seja responsável pelo seu fracasso, ele diz

Eu o encaro, e ele me encara de volta

Que sensação é esta, afinal?


Se tento odiá-lo, fracasso

Pois sinto que ele está certo

E a mentira tem vida curta

E meu reflexo sabe disso


Por que não troca de lugar,

E tenta fazer melhor, eu grito
Por que sabe que eu acabaria de vez com isso, ele diz

Eu o encaro, e ele me encara de volta


Não é isso que queremos,
Não o alívio imediato, mas a solução

Poder olhar e dizer que não o quero
Ignorar as juras, e entregar-se ao realento

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Quem és tu, que invade meus sonhos?


Tantas noites em claro, fixando o olhar na imensidão do teto. Já decorara cada ponto do forro mal acabado. Podia ouvir o som dos ponteiros do relógio despertador passeando pelo círculo, cada vez mais devagar. O ventilador rodava manso, quase parando. As cobertas estavam quentes, e ele começava a suar. Primeiro pelo pescoço, depois nas curvas das pernas. Mas o calor não era o responsável pela falta de sono. Ele poderia simplesmente aumentar a velocidade do vento. Ele não queria dormir. Caso dormisse, sabia que voltaria a sonhar. Sempre o mesmo sonho. Os mesmos olhos grandiosos lhe perscrutando. Orbes negros, como a escuridão que vinha densa pela janela. Invadia-lhe o quarto, a mente, os sonhos. Todo seu ser era consumido por ela. Mas ao olhar, a janela encontrava-se fechada. Poderia ligar o computador, aproveitar para terminar alguns trabalhos e adiantar outros. Mas estivera em uso até o momento. O processador já esquentara o suficiente por uma noite. E seus olhos estavam cansados demais para a claridade da tela. As pestanas se encontram num vacilo. Ele teria que ser mais forte. Por Deus, ele não se entregaria tão facilmente! Sentiu o chão frio embaixo de seus pés. Enquanto andava alguns passos até a cozinha, lembrou-se de quantas noites não passava daquela mesma forma. Sequer lembrava do fim de uma noite de sono completo. Todas marcadas pela presença dos grandes olhos negros. Eles estavam tão longe, pensava, mas sempre lhe invadiam os sonhos.
O que mais lhe arrepiava, era não saber de quem se tratava. Afinal, de quem eram aqueles orbes? Tantas mulheres passaram por sua vida, e de qual delas eles eram?
Quem és tu, que invade meus sonhos?

sábado, 22 de novembro de 2008

Maktub


Na última curva, da última montanha, você vai encontrar alguém que sempre esteve te esperando, mesmo que jamais estivesse estado ali. Num certo ponto da estrada, alguém o parou e lhe disse que você o encontraria quando chegasse a hora. Ele anseia por sua chegada, e vem seguindo os sinais para saber quando será o Grande Encontro. Na ponta da língua, ele já tem todo um discurso preparado, e algumas histórias para contar. Porém, quando estiverem cara a cara, ele te dirá uma única palavra a qual você desconhece o significado.
Por alguns dias, você vai andar decepcionado com a conversa de vocês. Por vários momentos, irá pensar na quantidade de conhecimento que ambos não partilharam. Contudo, com o decorrer dos meses, você entenderá a significação daquele momento.
E neste dia, por acaso, vocês vão novamente se encontrar, e falarão sobre a vida, sobre pessoas importantes, sobre as descobertas de cada um, e tudo que não falaram no contato anterior.
“Está escrito.” Você dirá, revelando o significado da palavra que ele lhe dissera.
“Finamente você entendeu.” Ele dirá.
“Como você sabe?”
“Por isto nos encontramos por acaso. Não adianta passar a vida planejando algo que você não sabe quando vai acontecer, se tudo está escrito e podemos simplesmente fazer com que tudo corra no seu percurso natural.”
Ele sempre soube, você irá pensar.

Nunca há ninguém


Queria ainda poder ver
Todas as estrelas que você apagou

Quando foi embora dos meus sonhos


Por isso meus olhos se fecham

Para não ver a chuva que cai

Abafando os ruídos, que serão intensos

De suas memórias que ficaram

Ainda posso escutar
seus passos na varanda
Eles se aproximam sorrateiramente

Mas não vou olhar para trás

Por que não ha ninguém


Nunca há ninguém


Apenas escuto sua voz,

Sussurrando em meu ouvido

Fazendo-me arrepiar os pêlos da nuca

Mas não vou olhar para trás
Por que não ha ninguém


Nunca há ninguém


Vou continuar me culpando por seus erros

Até que sua mentira tome conta de mim

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Palavras soltas no ar


Palavras soltas no ar


Queria poder dizer que está tudo bem
Que as palavras não são necessárias
Mas a noite cai e a solidão domina
Meu ser se inunda do vazio

Não tenho seguidores, nem amantes,
Alguém que possa me escutar

Ao meu lado, apenas o vácuo do absurdo
E alguns fanta
smas perdidos

Nasci pra viver na escuridão, tão somente

Os libertadores fugiram de minha alma

A mente perturba-se com tantos vultos

Prepotentes, absortos do desconhecido


São os fantasmas da solidão

Eles estão aqui, posso senti-los

É o que
restou para ser visto
Todos se vão, mas eles ficam


Estendidos, com
o formas geométricas
Uns se alongam, outros se enrolam

Perscrutam pelo caminho
Mas não preenchem meu vazio


Sinto suas formas rodopiando ao meu redor

E eles tornam tudo confuso, vertiginoso

Tiram-me as lembranças,

E já não penso em tantas coisas


Tento,
e até encontro um esboço
Recordo das canções, dos arrepios

Mas o amor está perdido

Sumiu entre o vazio das palavras não ditas


Levou embora minhas juras secretas,
E as cores daquele dia perfeito

É como se o amor estivesse aqui

E eu não pud
esse vê-lo

São os fantasmas da solidão

Eles estão aqui, posso senti-los
Escondem de mim

O pequeno feixe de luz que irradia


Não posso vê-lo,
Mas tenho esperança de que ele ainda brilha

Num ponto distante, ele prenuncia minha chegada

Mesmo que eu nunca encontre o caminho


Onde está você, pequeno feixe de luz?

Minha bússola foi quebrada pelos vultos

Faltam-me os ponteiros a seguir

Uma direção certa para te encontrar


Por que você não vem até mim?

Liberta-me dos fantasmas perdidos

Traz as cores de um dia de sol
Faz o vento soprar manso entre as curvas


Eu não sei onde estou,

Por isso não posso te dizer onde me encontrar

Mas posso está atrás, ou bem a sua frente

Por que não olha em volta?


Se encontrar uma pessoa perdida num vazio
Aquela sou eu, simplesmente

E não espere que eu te olhe de volta

Pois vejo tudo, mas nã
o vejo nada
Apenas palavras soltas no a
r


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Versos da palavra em prosa


Andei procurando palavras, nas pequenas porções de riscos. Num papel sofrido, com uma tinta ressecada. Elas iam surgindo, e me perguntando:
- O que mais você tem a dizer?


Os riscos montam e desmontam

(O que ainda me falta dizer?)

Sobem e descem, e me afrontam

(O que ainda quero dizer?)


Circulam, desenrolam, mas falta um espaço. Falta a rima. Falta a melodia. Falta o compasso.
A música não se mostra. O som não chega ao coração.E de que valeria tanta melodia, se tu não escutarias minha canção?
Preciso da rima perfeita, das melhores metáforas e mais belas palavras. Para preencher tua alma com meus versos.

domingo, 9 de novembro de 2008

Pequenas coisas da vida


Aos poucos, vou percebendo que faz parte do meu “eu” dar ênfase as pequenas coisas da vida. Como o cheiro da chuva no telhado, o modo como mamãe prepara o café, o barulho das chinelas de papai anunciando sua chegada, a corrida dos pingos de chuva no vidro do carro, o som do pôr-do-sol apagando as luzes do reflexo na água, a dança das árvores no contato com o vento, as diferentes formas como os olhos piscam dependendo do momento, o mesclar das vozes em meio à multidão, a branquidão dos dentes formando um sorriso, o balançar dos cabelos e o toque atrás da orelha, a voluptuosidade do arrepio nervoso, a canção do alvorecer fundindo-se às cores da manhã, o cheiro empoeirado das páginas de um livro velho, o reflexo dos seus olhos de encontro ao meu, a leveza de como a água do lago passa entre meus dedos, a temperatura debaixo das cobertas quando acordamos, o arrastar dos pés descalços em contato com o chão frio, o som do café caindo do bule até a xícara, o conforto de um abraço apertado, uma voz conhecido ao telefone, o êxtase nos corpos durante aquela dança de batida rápida, a respiração pesada da pessoa que dorme ao seu lado na cama, aquela solidão que sentimos quando estamos em meio a tantas pessoas, mas só conseguimos pensar em uma única que está distante!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um significado para existência
Modo de ser próprio do homem. [Cf., filosofias existenciais.]

Afinal, quem ditas as regras? Quem define o que está certo e o que está errado, ou o que é verdadeiro e falso, ou mesmo, quem dita os padrões de beleza?
Embora um fato não seja concreto, será que ele não pode ser julgado verdadeiro quando prevalecer na opinião da vontade geral? Não na vontade de todos, que é a somatória de interesses privados, egoístas. Mas na vontade geral, que é o interesse comum, coletivo, onde não há “propriedade”. Como não há propriedade, todos serão iguais, ou seja, terão os mesmos interesses. Terão uma verdade.
Mesmo não havendo provas de certo fato, ele pode, então, ser considerado verdadeiro quando prevalecer na mente dos indivíduos de certo grupo que tenha interesses afins. Para que algo exista, e seja uma verdade, basta somente que alguém acredite naquilo. Muitas pessoas vivem e provam a inexistência de fatos e forças nas quais eles não tem crença. No mundo delas, em suas mentes, entre suas verdades, aquilo nunca terá espaço para existir.
Porém, há alguém que acredita. E na simples crença – embora de forma abstrata – aquilo será uma existência, uma verdade. De acordo com os conhecimentos, e entre outros significados, o verdadeiro é aquilo mais convincente, o melhor. Desde que as pessoas acreditem, e tenha convicção daquele fato, ele será verídico e poderemos dizer que ele Existe.
Não é engraçado que o falso, sendo então o mais convincente, possa ser chamado de verdadeiro?
Não posso ter uma certeza absoluta se sequer acredito no certo e no errado.
E será que não há algo a mais? A mais do que aquilo que podemos ver, crer, ouvir, sentir, sonhar, pensar... Algo que vá além de simples palavras, simples pensamentos, simples teorias.
Uma verdade.

(Teoria baseada nos estudos de Jean-Jacques Rousseau)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A palavra


A principio creio que cedi ao medo
Ele me entorpecera
E não me deixara enxergar
Aquela palavra que sempre se destacava

Amor.
Com quatro letras sólidas
E um poder reluzente nas mãos

Tentei não usá-las em meus versos
Deixei-a subentendida
Mas de maneira tão óbvia
Que me desconheço

Agora, sinto que posso ser ouvida
Quando te contar meus segredos
Quando quiser falar de amor
E cantar nossa canção perfeita

Canções de amor, canções de desejo!
Todas paralelas ao incerto

Juntos, perfeitos
Mas num mundo imperfeito
Olhe em volta,
Apenas isso nos salvará!

sábado, 18 de outubro de 2008

Distancia


Distancia,
(que mal posso ter te feito?)
Esta palavra sufoca com voracidade
Até os últimos dos meus pensamentos
Tortura-me paulatinamente


Pequenos pedaços de mim que somem
Junto da saudade que roça entre os lábios
Beija-me a face numa afronta
Diz-me: - Você não o terá.


E ela pára ao meu lado, e posso senti-la
A sinto riscar meu rosto, e ela derrama
E preenche ao mesmo tempo em que deixa um vácuo
E novamente entro em meu paradoxo


Fecho os olhos, e a saudade volta a derramar
Mas desta vez estou sonhando
Como você me disse que fizesse
Sempre nas horas escura


Em meio aos devaneios, sua voz sussurra:
- Apenas acredite, e estarei por perto.
E tento ser a melhor canção
Desde que você me escute, e lembre-se,
Alguém soluça saudades tua.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Afinal, o que você quer?

Responda-me a uma pergunta que jamais, em nenhuma de minhas anteriores experiências com outras pessoas, obtive uma resposta a qual eu julgasse satisfatória. Nenhuma delas foi sequer ocasionalmente sincera muito menos verdadeiramente lívida.

Em todas, notei certo desconforto e desapego aos sentimentos que estardalhaçavam dentro da mente. Vinham fugazes. E perdiam-se entre o eco do proibido.

A pergunta era: - Afinal, o que você quer?

Tensão. Surpresa. Tudo se mistura nas mentes com uma pergunta como esta. Formam, senão, um estado mórbido em que o indivíduo tem a impressão de que tudo gira em torno de si. Vertiginoso.

Ilícito.

Ilegal.

E os vários sinônimos que puder recordar. Balançam, e fazem o temor de querer esconder o próprio ser.
O que nos faz ser quem somos e o que nos faz esconder isso? Pergunto-me, em meio às variáveis que encontro dentro de meu ser. Todas esperando uma oportunidade única de encontrar-se com a matriz e resplandecerem dentro do cristal límpido do corpo. As variáveis, meu ser repleto delas, e não temo o que elas me trazem.
É meu existencial. Todas em conjunto.

Mas os outros. Eles mentem por que temem.

E até me pergunto se não é melhor que seja assim. De alguns, prefiro não conhecer seu verdadeiro eu. O que conheço já é o bastante pra que tenha uma imagem persuadida de cada um.

Não seja tão complexo quanto eu, nem sempre é tão formidável assim.
Ser quem somos. É realmente perigoso. É realmente temeroso.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Julgamentos

Durante muito tempo de nossas vidas, mesmo sem querer, acabamos por julgar as pessoas mesmo sem conhecê-las. Não apenas de forma cruel, muitas vezes superestimamos algumas pessoas e acabamos colocando-as em pequenas redomas de cristal onde elas nunca estiveram. Sonhamos tanto com aquilo que elas poderiam ser que esquecemos que são pessoas normais, com vidas normais. Não lembramos que elas também têm seus defeitos, suas dores, seu ponto fraco. E como não são perfeitos, simplesmente nos decepcionamos. E a decepção, convenhamos, é algo que deixa marca. Passamos a duvidar do caráter da pessoa. E por mais que queiramos não conseguimos uma relação sólida, pois temos medo. Medo de voltar a se decepcionar. È então que conhecemos a pessoa verdadeiramente. Vemos que ela não é aquilo que sonhávamos que fosse, nem aquilo com a qual nos decepcionamos, é uma pessoa normal. Que esta pessoa não tem apenas qualidades, ou apenas defeitos. E você vai sorrir por isso.



Quando descobrir o quanto as pessoas podem ser especiais para você, você irá sorrir.




' Antes, meus sonhos eram apenas sonhos.
Depois de hoje, vejo que eles não tinham sentido.
Só agora parecem ser mais claros, mais reais.
E isso me fascina, me faz querer viver sempre a mesma ilusão. ’

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Divagações até o sonho



Divagações até o sonho

Eu poderia estar em Paris, Roma ou qualquer outro lugar
Mas meus segredos carregam-me pela mão
Os pensamentos me fazem ficar
Esperando por uma chama, um esboço de sorriso

Agora, não tenho tanto medo
De te entregar meus sonhos
De sentir as pálpebras pesarem
Entregando-se ao relento finito

Ouço uma voz que se esforça
Para escutá-la, uma tentativa vã
Tudo continua parado sem saber
Apenas um pêndulo, e os ponteiros a rodar

A mentira continua voltando
Por uma, duas ou mais vezes
E talvez volte em uma manhã
Para ver o que restou da falsa liberdade

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Não apenas corpo, não apenas rosto
Nada disso me interessa
Quero tuas palavras, teus versos
Anseio por tua boca a me dizer mil coisas
Quero de volta tudo aquilo que não tive
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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Onde posso encontrar


Onde posso encontrar
o beijo que ainda é beijo

A paixão que não é luxúria

O amor verdadeiro


Não quero viver de ilusões

Por isso tento encontrar

Mas onde, onde procurar?

Se não há vitrines onde eu possa escolher
Se não há marcas do tipo caras ou baratas

Se não contra-indicações à seguir

Neste mundo moderno, as coisas estão a cada dia mais acessíveis, e no enteanto, quando procuramos por algo verdadeiro, não encontramos nada nos catálogos de revistas ou nas lojas de conveniência. Definitivamente, pode parecer uma procura vã, mas a gente sempre se surpreende com o que encontramos no meio do caminho.

sábado, 4 de outubro de 2008

Estrada


Não quero muito de você
Quero princípios, promessas, desejos
E todas as canções de amor que restarem


Construí uma estrada por toda minha vida

Calculei as direções
E me perdi entre as fórmulas da saída

Apenas Uma seta, um efeito, algum suspeito

Algo que eu possa seguir

Até te encontrar
Em outro lugar


Não vou pensar que andarei sozinha

Talvez sua imagem venha
Acompanhando-me na estrada vazia


E te vejo em todas as esquinas,
Todos eles dizem ser você

E você se vira para mim
E vejo que você não estava lá


E depois de muito apostar no que vale a vida

Eu volto pro começo e vejo
Nada está no mesmo lugar que deixei quando parti


Brena Laielen

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Confissões da Laielen

Sei que nele há um veneno.
Que não mata, não sufoca, apenas prende. Pode fazer mal, mas ainda assim você tem vontade deliciar-se. Chamo de veneno, pois não encontro outra palavra para definir algo que consegue me persuadir de uma forma tão simples: apenas sendo ele mesmo. Ele tem esse poder de me iludir, e até me faz sonhar com coisas impossíveis e ter pensamentos profanos.
Travo uma batalha com meu corpo por desejá-lo, mas ele insiste em si dizer verdadeiro. Queria odiá-lo, e até tento evitá-lo de todas as formas. Mas no fundo sei que o que sinto é medo. Não por ele, mas por mim.
Temo aquilo que posso acabar fazendo. Então tento odiá-lo, tento estar com outros, mas na verdade, ele me provoca.
Ele provoca tudo em mim.
O que ele diz?
- Às vezes é bom um pouco de perdição.
E eu sequer tento negar as tentações que afloram pedindo um pouco daquela essência. Ó, destino, não me julgue depois que eu estiver perdida entre teus caminhos secretos. O que tu queres que eu faça? Também tenho minhas fraquezas.

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Fora as confissões que ela faz apenas para si.
Essas não devem ser publicadas.
Mas ela ainda tem muito o que dizer.

Cena de Jogo de interesses

À seguir, uma cena do meu projeto de livro Jogo de interesses .
Os personagens são Lara Manielle e Luan Fernandes.
Lara é uma loira mimada que sempre luta por seus interesses. Desde pequena fora apaixonada por Santiago, o capitão do time de futebol da escola, mas a chegada de Luan ve mudando seu modo de pensar. Luan é um garoto fechado e grosseiro que teve vários traumas na infância, e seu único desejo no momento é de vingança à família dos Manielles pela morte de sua mãe.

' - Terminei o resumo, Luan. Dá uma olhada – disse a loira entregando-lhe um papel.
Luan pegou o papel e ficou a observá-lo por um longo tempo enquanto Lara fitava-o. Aquilo demorou tanto, que a Manielle já estava impaciente. Ele já poderia ter lido e relido umas três vezes, e não dava nenhuma expressão de que fosse parar.
- Não temos o dia todo, Luan – ela dizia.
O Fernandes sequer mudou de expressão. Por dentro, estava odioso. A presença da garota. A proximidade. Incômodo. Falta de raciocínio. Tentava concentrar-se. O aroma de colônia que se desprendia dela embriagava-lhe. Trazia uma estranha sensação de liberdade. Também odiava isso. Afinal, Lara Manielle era apenas uma garota irritante apaixonada por Santiago Ferreira. Fútil e irritante. Sim. Mas a única que se dirigia a ele daquela forma irônica. Somente ela.
Laun olhava o papel. Tentava ler. Estranhamente, as letras embaraçavam-se e pareciam dançar com o perfume da garota. "Voltem ao lugar, suas letras malditas, eu ordeno! Quem pensam que são para desafiar Luan Fernandes? Por que isso está acontecendo, e por que eu estou conversando mentalmente com as letrinhas? Lara Manielle..."
- ... A culpa á sua por ficar me provocando desse jeito – pensou alto demais o garoto.
Tensão. Surpresa. Os dois espantaram-se com as palavras proferidas. A loira sorriu vitoriosa. Cruzou os braços. Falou:
- Então eu te provoco? Não foi você quem disse: ‘comigo só estando muito necessitado?’
Ele largou o papel. A encarou por um instante.
- Não seja tonta, Lara. Não falei neste sentido. Você não me interessa.
As últimas palavras foram cruciais. Num instante, Lara levantou-se da carteira que sentava. Parou. Fitou-o. Durante vários segundos.
- Repete isso – ela pediu.
- Qual parte? A do ‘Você não me interessa’ – ele repetiu, também se levantando.
A loira respirou fundo. Procurou coragem. Calma. Fechou os olhos. Baixou a cabeça. Levantou novamente. Luan percebeu. Lara o olhava de forma diferente. Provocante, até. Ela aproximou-se mais. Ele titubeou.
- O que você... Lara, o que você...
Ele ia continuar falando, se a loira não o tivesse agarrado. Beijou o garoto ardentemente, o fazendo afastar-se até dar de encontro com uma carteira, que o ruivo usou para apoiar-se.
Ela continuou com o beijo. Mesmo que Luan não correspondesse, não fez nada para afastá-la. E agora ela não lhe beijava apenas a boca, mas também o pescoço e tinha sua mão dentro da blusa do Fernandes. Como ele não se pronunciava, a loira aproximou-se do seu ouvido e sussurrou:
- Não sabia que era tão parado nessas horas – ela disse sendo sarcástica.
Ele olhou-a de cima a baixo. Um exame. Depois, puxou-a para si. Segurou seu queixo com força e tomou seus lábios. Agora ele a beijava. Distribuí-lhe carícias. As mãos contornavam o corpo da garota. A mesma, retribuía da mesma forma. Ele aproveitou uma brecha para levantá-la um pouco e senta-la na mesa do professor. Ficando entre suas pernas.
Ele colocou a mão dentro da blusa da garota, e já ia retirá-la, quando ela o impediu. Ele a encarou. Confuso. Ela desgrudou-se dele.
- Já chega, eu já provei o que queria – ela disse, lhe dando um último selinho.
- O quê? – ele não entendia – Do que está falando?
- Da próxima vez dobre a língua antes de falar que eu não te interesso. – ela sorria vitoriosa da cara confusa dele.
- Você... É louca.
- Pense o que quiser... agora me deixe sair daqui.
Luan, contrariando, prendeu-a ainda mais.
- Não sorria tão vitoriosa, Lara. Afinal, você também estava gostando.
- EU!? – ela gargalhou debochando – não seja ridículo. '

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Sei que brigamos tanto

Mas eu nem sei porquê

Que nossas almas, não podem se entender

Eu te odeio, meu Amor

Venha


Venha

Quando as luzes se apagam
E meus olhos se fecham
Não vejo a escuridão do meu ser corrupto

Eu vejo você
Nos meus sonhos,
Como uma flor num dia amargo

Você vem, e me completa
Você vem, e me faz acreditar
Você vem, e me faz ser alguém melhor

Mas você vem e vai embora
Deixa-me na saudade
Faz-me querer mais do que posso
E esperar mais do que devo

Peço à noite que te traga em meus sonhos

Você vem, e me completa
Você vem, e me faz acreditar
Você vem, e me faz ser alguém melhor

Eu só espero que você venha
Mesmo que por um momento apenas
Mesmo que por uma última vez
Mesmo que por motivo algum

Quem sabe se nos encontrarmos
Encontraremos nosso lugar

Brena Laielen.


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Sinto uma ausência dentro de mim mesma. Não sei onde estou,
mas não quero saber se você não está aqui.

terça-feira, 30 de setembro de 2008



- E eles viveram felizes para sempre.


Até que ela resolveu traí-lo com seu terapeuta másculo e cheiroso. Mas a culpa não foi dela, ele é que se tornou cafona demais para ela querê-lo na cama.

É. Já chega de sempre assistir aos mesmos clássicos filmes, onde mocinha e mocinho sempre terminam juntos no final. Quando você cresce percebe que o príncipe não tem graça e que uma hora ou outra você vai querer que um lobo mal apareça na história.
Depois de um tempo, você não vai se interessar por aquele que te manda flores, recita poemas e envia cartas românticas. Aliás, homens assim não existem. E não adianta achar que encontrou uma peça rara, pois ele vai acabar mostrando suas garrinhas. No máximo, o que chega mais perto do “romântico” é aquele que liga todos os dias, diz algumas palavras que te fazem passar o dia inteiro pensando e ainda coloca algumas declarações no Orkut. Você vai pensar, “posso me acostumar com isso”. Mas não, chega um momento em que aquilo não pode mais durar. Ou melhor, você não consegue aturar.
É ridículo pensar assim, mas talvez o romantismo não esteja mais “na moda”. E é claro, o que não está na moda não interessa às mulheres. Daí você se vê perdida em pensamentos sobre aquele que te deixa vários dias sem uma ligação, ou mesmo quando ele demora à responder no MSN. É muito típico das mulheres se interessarem por aqueles que elas julgam “uma aventura”. Elas não têm fantasias sexuais com homens de óculos lhe fazendo serenatas, e sim com os velhos e bons bombeiros, policiais, Tarzan, e até piores, depende da criatividade de cada uma.
- Nosso amor já não é o mesmo de anos atrás. Estou fazendo isso por nós dois.

É o que você vai dizer a ele quando resolver largá-lo por dois metros de músculos e testosterona pura. Às vezes alguns anos mais novos, às vezes sequer precisam dos músculos. Apenas aquele jeito no olhar, na forma de falar, de se vestir. E ele vai te seduzir, vai te levar ao delírio, e no outro dia, você nem saberá dele.

Brena Laielen da Silva Oliveira

domingo, 28 de setembro de 2008

Consumistas


Consumistas

De todas estas coisas,
Que você compra no supermercado,
Metade te mata,
E sem a outra, você não vive

O consumismo está à solta,
E o ser humano corre atrás,
Como cenário de Dalí,
Tudo se desmancha, e não vale mais

As formas lúgubres que assustam,
Não são magras ou desnutridas,
Não são fracas ou esbeltas
São obesas e pesadas

Uma nova raça “homo obesus” começa.

O ser consome.
Consume.
E come.
Ele tem fome.
E mesmo que não tivesse,
Ele comeria.

Pois o dinheiro em seu bolso pesaria.
Uma voz dentro dele gritaria:
- Gaste! Consuma!
Consuma até você não agüentar mais.

Pegue em minha mão, moço
Vamos ao supermercado
Pela manhã te preparo algo diet.
Com sabor deliciosamente industrializado
E a vida continua...


Por Brena Laielen

sábado, 20 de setembro de 2008


A jura

Hoje, faço-te esta jura,

Haja o que ouver, venha quem vier

meus versos serão sempre seus


Não consigo escrever para outra pessoa
E caso um dia isso aconteça

Sentirei-me como se traísse alguém

E se tudo agora jaz,
Não quero me perder na solidão

Onde só há cinzas, jamais fogo

De algo que ignoro ser capaz


Sinto que não posso fazer

O que o coração me traz

E nada tendo, e nada pondo,

Vejo minha alma esvaecer


E por que não olhar para trás?

O princípio retoma ao fim na vitória,

E vejo espasmos nas juras fundamentais.

Juras nas noites de amor que não tivemos

Embriagados pelo luar, e pela melodia,
Ouço ecos de frequentes batidas no coração,

E um futuro incerto que me traz melancolia.

Brena Laielen da Silva Oliveira

domingo, 14 de setembro de 2008


O Fim

Queria tanto ter acreditado

Em mim, em você

Na nossa história
E em todo nosso passado


Queria mesmo ter aceitado

As propostas que não fizemos

Os sonhos que não sonhamos

A vida que não vivemos


Por que só hoje?

Por que não antes?

Eu poderia ter vivido uma ilusão
Você seria meu surreal


Mas o tempo se foi, nossa canção terminou

De você, só quero saber uma verdade

Se pudéssemos voltar no tempo,

Seria diferente?


Já chegou a pensar que,

O fim possa ser um novo começo?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Meu amigo Teddy



A nova casa tinha cheiro de móveis velhos. Todas as portas rangiam, arrancando-me calafrios. Papai disse que consertaria o barulho depois. Lá fora havia um grande jardim, com um balanço que nunca parava, até parecia ter vida própria. O vento passava, e fazia a corrente arrastar-se poderosa pelo aço. Quando enfim entrei em casa, pude ver bem à minha frente, a grande escadaria que levava aos cômodos do andar de cima. Embora velha, parecia bem feita e com adornos do século passado. Subi por ela até chegar a um corredor lateral, onde minhas narinas impregnaram-se de um odor muito forte de poeira. O que só deixava aquela casa ainda mais misteriosa. Foi então que encontrei a porta de onde seria meu quarto. Tentei abrir, mas estava emperrada. Ia dar meia-volta e avisar meu Pai, mas quando dei por mim, a porta havia se aberto sozinha. Meio receoso, entrei calmamente no cômodo. Logo na primeira visão que tive, surpreendi-me. Tudo naquele quarto era exatamente igual ao meu antigo. Os móveis, as cores, as meias espalhadas pelo chão, o abajur meio caído e até a mancha na parede escondida pelo criado-mudo. Era tudo tão incrivelmente igual, que chegava a ser petrificante. Agachei-me em baixo da cama. Assim como as outras coisas, meu ursinho Teddy estava lá. Ainda lembro o dia em que o joguei lá em baixo. Havia acabado de perder um dente, tive de arrancá-lo à força. Teddy contou-me sobre a fada dos dentes e me convenceu a colocar o meu embaixo do travesseiro. Esperei a tal fada durante a noite toda, mas quem veio foi mamãe. Aquilo me deixou decepcionado e ao mesmo tempo, transtornado. Com raiva de Teddy, joguei-o embaixo da cama. Quando me disseram que iríamos nos mudar, pensei em finalmente tirá-lo dali. Mas não o fiz. Por vezes tive vontade de voltar a brincar com ele, mas meu orgulho não deixava. Ele ficou na antiga casa e eu fui embora, para outra cidade, onde achei que o esqueceria e nunca mais o veria. Pensei nele durante toda a viagem. Cheguei nesta nova casa e encontrei meu quarto, tudo exatamente igual. Olhei embaixo da cama, e lá estava Teddy. Criei coragem e tirei-o de lá. Abracei-o com vontade. Ele estava velho e empoeirado. A cor marrom encontrava-se desbotada. Mas era o meu ursinho. Ele estava ali, e eu finalmente voltaria a brincar com ele. Foi então que papai ligou a luz, e em meu quarto tudo se iluminou. Neste momento, percebi que aquele não era Teddy, e nada naquele quarto comprava-se ao meu antigo. Por Brena Laielen

Ela não é nenhum demônio. Tudo que ela faz, é tentando me proteger. Ela vive minha vida, ela tem o meu caráter, ela sabe todos os meus passos. Ela é eu.

Ela está dentro de mim, mas não pode me dominar. Eu a uso quando quero. Quando quero um pouco de coragem, um pouco de ousadia, quando preciso ser mais direta. Lá está ela, todas as vezes que preciso.

Ela é quem eu não consigo ser. É como se eu a tivesse criado com minha mente insana, apenas para vencer meus medos. Mas acabei por liberar outro lado. Assim, ela também tem seus medos. Ela teme meus sonhos, não quer que eu me iluda com as pessoas, pois não confia nelas e diz que as conhece mais que eu. Mas eu tenho esperança que meus sonhos não sejam mera ilusões. E que as pessoas são elas mesmas, não estão aí apenas para ‘curtir’, como ela mesma diz, ou para nos enganar.

Posso ser a sonhadora e ela a realista, mas somos uma só e nos completamos. Uma hora uma de nós acaba sendo flexível e aderindo à opinião da outra. Convencer-me de algo pode até ser fácil, o desafio é com ela, afinal, a vida para ela é um jogo.

Não te posso dizer que conhece apenas a mim, por que eu a sinto em minhas veias e ela não está apenas quando me domina, mas sempre que meu olhar disser mil palavras. Não a encare como outro eu, apenas como uma parte mais ousada de meu ser.

Mas ela sorri de lado.

Não confie em quem sorri de lado.

domingo, 17 de agosto de 2008

E eu sonho; Apenas isso.

Lá fora,

Há sonhos esperando uma realização,

Há momentos esperando para serem vividos,

Há pessoas esperando para serem amadas,

Há dúvidas esperando para serem explicadas,

Há corpos esperando por uma carícia,

Há bocas pedindo por um pouco de malícia.



Aqui dentro,

Há um coração duvidoso querendo respostas sobre si,

Há um segredo que insiste em não ser revelado,

Há um medo que não é deixado de lado,

Há explicações esperando para destruir a dúvida,

Há um corpo que não quer sentir, mas sente. O desejo lascivo.

Há pequenas insinuações esperando serem entendidas,

Há carícias esperando um pouco de vida.

Brena Laielen da Silva Oliveira.

About Me

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Estudante de Direito, Escritora nos momentos de melancolia, melhor amiga nos momentos de felicidade e flamenguista sofredora.