Tantas noites em claro, fixando o olhar na imensidão do teto. Já decorara cada ponto do forro mal acabado. Podia ouvir o som dos ponteiros do relógio despertador passeando pelo círculo, cada vez mais devagar. O ventilador rodava manso, quase parando. As cobertas estavam quentes, e ele começava a suar. Primeiro pelo pescoço, depois nas curvas das pernas. Mas o calor não era o responsável pela falta de sono. Ele poderia simplesmente aumentar a velocidade do vento. Ele não queria dormir. Caso dormisse, sabia que voltaria a sonhar. Sempre o mesmo sonho. Os mesmos olhos grandiosos lhe perscrutando. Orbes negros, como a escuridão que vinha densa pela janela. Invadia-lhe o quarto, a mente, os sonhos. Todo seu ser era consumido por ela. Mas ao olhar, a janela encontrava-se fechada. Poderia ligar o computador, aproveitar para terminar alguns trabalhos e adiantar outros. Mas estivera em uso até o momento. O processador já esquentara o suficiente por uma noite. E seus olhos estavam cansados demais para a claridade da tela. As pestanas se encontram num vacilo. Ele teria que ser mais forte. Por Deus, ele não se entregaria tão facilmente! Sentiu o chão frio embaixo de seus pés. Enquanto andava alguns passos até a cozinha, lembrou-se de quantas noites não passava daquela mesma forma. Sequer lembrava do fim de uma noite de sono completo. Todas marcadas pela presença dos grandes olhos negros. Eles estavam tão longe, pensava, mas sempre lhe invadiam os sonhos.
O que mais lhe arrepiava, era não saber de quem se tratava. Afinal, de quem eram aqueles orbes? Tantas mulheres passaram por sua vida, e de qual delas eles eram?
Quem és tu, que invade meus sonhos?
O que mais lhe arrepiava, era não saber de quem se tratava. Afinal, de quem eram aqueles orbes? Tantas mulheres passaram por sua vida, e de qual delas eles eram?
Quem és tu, que invade meus sonhos?
Um comentário:
suas palavras são simples tornando-se insólitas ao testar novas emoções...
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